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Compartilhar Livros Dá Lucro?


Existem muitas discussões sobre a propaganda enganosa e as manobras de “João sem braço”, para explicar ideias e expedientes com um único objetivo: lucrar. Tirar proveito, ainda que seja fundado na crença dos necessitados de fé e reconhecimento da sua “humanidade”.
Uma livraria de usados no Centro de Niterói, um sebo com acolhimento e comercialização de outros  produtos (um vale tudo: vai de TV anos 60, monitor arcaico à vestido vermelho da Pomba Gira dos Infernos), anuncia em jornal de grande tradição, conclamando o compartilhamento de livros, como forma de abrilhantar a cultura e o saber. Até aí, muito bonito, edificante e digno de elogios.

Parece um projeto altruísta de românticos intelectuais. Mas, na verdade, por trás desta “roupagem de bom moço”, que se dispõe a recolher no local, para o bem do saber e da prosperidade da alma humana, está o velho e escamoteável medo, de se assumir como mascate livreiro dos tempos modernos. Muita gente doa livros na resolução de suas culpas de estar impedindo que o saber flua para menos favorecidos. Neste fundamento entra o mascate disfarçado, professa palavras consoladoras e leva os muitos livros incômodos para uma finalidade nobre: dar lucros ao livreiro, que se aproveita da necessidade de resgate emocional de quem se livra de livros conquistados por “pais heróis”, que suaram sangue para educar o filho ingrato que se desfaz da “preciosidade literária”, alimento da alma, mas grande fonte de rendimento do livreiro oportunista.
O dublê de “salva culpas e mascate contorcionista”, manda seu preposto visitar os “ingênuos circuladores de livros” e se não conquista a doação integral, paga uma mixórdia qualquer, sob pretexto de ajudar a limpar o espaço, tirar o encargo de ter aqueles “velhos livros bolorentos”. Tudo vai ter destino e algum tipo de lucro. Este “cata-trecos de literatura” faz até doações.
Retirada de livros da Secretaria de Educação para reciclagem.  Crédito: Carol Garcia / SECOM 

Perguntamos a atendente para quem eram doados os livros. A resposta veio imediatamente: “aqueles livros que não servem para venda, doamos para os catadores de papel”. E perguntamos: e eles vão ler? Concluiu:
“Não... Eles vendem para os depósitos de lixo”. Moral da estória: Quem engana seu próximo intelectualmente, manda a literatura para o lixo e fatura as sobras financeiras que a culpa dos outros produzem. Esse é Mandrake afiado...

2 comentários:

  1. Amigo, vc faz um ótimo trabalho, acompanho desde antes da parada. Estou procurando e não encontro as obras de Karl May em EPUB. Já é raro achar PDF e ainda tenho de converter. Se vc conseguisse acho que muitos leitores iriam adorar, mas não apenas a coleção WINNETOU, mas todas as obras possíveis.

    Abraços e continue assim

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  2. Não sei se você é de Niterói, mas moro nessa cidade e sei quem é o "livreiro". Quando levei 100 livros para venda (por falta de espaço no apê), ele me ofereceu R$50 ou R$100 em livros da loja.
    Fiquei indignado, pois ele nem ao menos analisou que havia livros que valiam (muito)mais de R$0,50.
    Abraço!

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